30 perguntas sobre Perturbações Psicóticas

As perturbações psicóticas são doenças que envolvem alterações profundas na perceção da realidade, no pensamento, no comportamento e nas emoções.

Esta perturbação compromete significativamente o funcionamento pessoal, familiar e social da pessoa afetada.

Embora a psicose esteja presente em várias doenças mentais — como a esquizofrenia, a perturbação esquizoafetiva ou a psicose induzida por substâncias — continua a ser mal compreendida e fortemente estigmatizada.

O medo, a desinformação e o atraso na procura de ajuda continuam a ser barreiras para o diagnóstico precoce e para o acesso a tratamento eficaz.

Neste artigo reunimos as 30 perguntas mais frequentes sobre psicoses e perturbações psicóticas, organizadas em cinco grandes áreas:

  1. Definição, compreensão clínica e diagnóstico,
  2. Tipos de perturbações psicóticas,
  3. Causas, fatores de risco e populações atingidas ,
  4. Tratamento, acompanhamento e recuperação,
  5. Estigma, família e apoio social.

Cada resposta foi elaborada por médicos especialistas do Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, com base na evidência científica atual, nos critérios do DSM-5 e na vasta experiência clínica das suas unidades de saúde hospitaleiras.

Este artigo é um contributo para familiares, cuidadores, profissionais e para todos os que procuram compreender melhor este tema.

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Definição, Compreensão Clínica e Diagnóstico

1. O que é uma psicose?

A psicose é uma perturbação mental grave, que se caracteriza pela perda de contacto com a realidade. 

Durante um episódio psicótico, a pessoa pode experienciar:

  • Delírios (crenças falsas e inabaláveis), 
  • Alucinações (perceção de vozes, imagens ou cheiros inexistentes), 
  • Pensamento desorganizado, 
  • Discurso incoerente e 
  • Alterações significativas no comportamento. 

A psicose é uma doença que compromete profundamente o julgamento, a perceção do mundo e a funcionalidade da pessoa. 

A psicose pode surgir no contexto de doenças psiquiátricas tais como a esquizofrenia, a perturbação esquizoafetiva, síndromes depressivos graves, ou ser secundária a causas orgânicas ou uso de substâncias. 

É uma situação clínica urgente e deve ser abordada com rapidez. 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus disponibiliza consultas especializadas em saúde mental grave, com equipas preparadas para avaliar e tratar precocemente os primeiros sinais de psicose, para prevenir a sua progressão e promover a reintegração da pessoa na vida familiar, social e profissional.

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2. Qual é a diferença entre psicose e esquizofrenia?

A psicose é um estado clínico em que a pessoa perde contacto com a realidade, enquanto a esquizofrenia é uma doença mental crónica cuja manifestação inclui episódios psicóticos, entre outros sintomas. 

Por outras palavras, a psicose pode ser um sintoma presente em várias doenças psiquiátricas, e a esquizofrenia é uma delas — talvez a mais conhecida. 

Existem também outras perturbações psicóticas, como a perturbação delirante persistente, a psicose breve e a psicose induzida por substâncias. 

Na esquizofrenia, os sintomas psicóticos tendem a ser mais persistentes e são acompanhados por sintomas negativos (apatia, isolamento, perda de iniciativa) e deterioração cognitiva. 

Esta distinção é importante para o diagnóstico e plano terapêutico. 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras oferece um diagnóstico diferenciado, com recurso a equipas multidisciplinares que avaliam a causa da psicose e definem a abordagem mais adequada a cada caso clínico.

3. Quais são os sintomas mais comuns de uma perturbação psicótica?

Os sintomas das perturbações psicóticas dividem-se habitualmente em três grupos

  1. Sintomas positivos, 
  2. Sintomas negativos e 
  3. Sintomas cognitivos. 
  1. Os sintomas positivos contemplam delírios (crenças falsas, como sentir-se perseguido ou acreditar que tem uma missão divina) e alucinações (como ouvir vozes que os outros não ouvem). 
    São chamados “positivos” porque representam uma distorção da perceção da realidade. 
  2. Os sintomas negativos são marcados pela perda de capacidades emocionais e sociais: apatia, isolamento, pobreza do discurso, perda de interesse e motivação. 
  3. Já os sintomas cognitivos afetam a atenção, a memória e a organização do pensamento, prejudicando o funcionamento global.

Estes sintomas não aparecem necessariamente todos ao mesmo tempo, nem com igual intensidade. A sua presença, no entanto, interfere de forma significativa com a autonomia e a funcionalidade da pessoa. 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras oferece uma avaliação clínica completa, que permite distinguir diferentes padrões sintomáticos e planear um tratamento adequado.

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4. A psicose é uma doença mental ou um sintoma?

A psicose pode ser ambas as coisas, dependendo do contexto clínico. 

Em muitos casos, a psicose é o sintoma central de uma doença mental definida, como a esquizofrenia ou a perturbação esquizoafetiva. 

No entanto, também pode ocorrer como sintoma secundário de outras condições médicas: 

  • Epilepsia, 
  • Demência, 
  • Infeções do sistema nervoso central, 
  • Consumo de substâncias (ex.: canabinóides, estimulantes, álcool) 
  • Privação de sono ou 
  • Stress extremo. 

O diagnóstico preciso exige uma avaliação médica e psiquiátrica especializadas, com recurso, quando necessário, a exames complementares. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, o diagnóstico é sempre realizado de forma rigorosa, respeita a individualidade de cada pessoa e garante um plano terapêutico adequado ao seu contexto clínico e psicossocial.

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5. A psicose pode surgir de forma súbita?

Sim. A psicose pode ter um início agudo, que surge de forma súbita, muitas vezes em contexto de um grande stress emocional, trauma, infeção, parto, privação de sono ou consumo de substâncias. 

Nestes casos, a pessoa passa rapidamente de um estado de normalidade aparente para um episódio psicótico, com alterações marcadas no discurso, comportamento e perceção da realidade, este quadro é designado como psicose aguda ou psicose breve. 

A rapidez do aparecimento dos sintomas pode surpreender os familiares e os amigos,e pode dificultar o reconhecimento imediato da gravidade da situação. Por outro lado, a pessoa afetada nem sempre tem consciência do seu estado, o que complica a aceitação do tratamento. 

É fundamental procurar ajuda clínica especializada com urgência. O Instituto das Irmãs Hospitaleiras está preparado para dar resposta rápida a situações de surto psicótico, e assegura não só o diagnóstico, como a estabilização clínica e, quando necessário, o internamento num ambiente terapêutico seguro e humanizado.

 

6. Como se diagnostica uma perturbação psicótica?

O diagnóstico de uma perturbação psicótica é clínico, ou seja, realizado com base numa avaliação médica especializada. 

Não existe um exame único que confirme a presença de psicose. 

O psiquiatra observa o comportamento, o discurso e o estado mental da pessoa, e aplica critérios diagnósticos padronizados. 

A entrevista clínica detalha o tipo, a duração e o impacto dos sintomas (delírios, alucinações, desorganização, retraimento, défices cognitivos), bem como a história pessoal e familiar, eventual consumo de substâncias e fatores precipitantes. 

Quando necessário, são pedidos exames laboratoriais e/ou imagiológicos para excluir outras causas médicas (tumores, infecções, disfunções metabólicas). 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, a avaliação é feita por equipas multidisciplinares com vasta experiência em saúde mental grave, garantindo precisão no diagnóstico, apoio à família e início célere do tratamento.

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7. Que exames são necessários para excluir outras causas?

Embora o diagnóstico da psicose seja clínico, poderá ser relevante realizar exames complementares para excluir causas médicas, neurológicas ou toxicológicas. 

Os exames mais frequentes contemplam análises ao sangue (hemograma, função renal e hepática, glicémia, eletrólitos), avaliação da função tiroideia e rastreio de infeções. 

Por outro lado, os testes toxicológicos são fundamentais para excluir o consumo de substâncias psicoativas. 

Já os exames de imagiologia, como a TAC ou a RM cerebral, podem ser indicados em casos de início atípico, idade avançada, história de trauma craniano ou sintomas neurológicos associados. 

Estes exames são importantes para excluir epilepsia, tumores, doenças autoimunes ou infeções do sistema nervoso central. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, todos os doentes com suspeita de psicose são avaliados segundo protocolos clínicos rigorosos, com recurso a exames complementares sempre que necessário, o que assegura um diagnóstico completo e seguro, com encaminhamento adequado para o tratamento específico.

 

8. A psicose e o delírio são a mesma coisa?

Não. Embora os dois termos estejam frequentemente associados, referem-se a fenômenos distintos. 

O delírio é uma alteração do conteúdo do pensamento, em que o doente apresenta uma falsa crença, irrefutável pela lógica. 

É apenas um sintoma que muitas vezes está presente nas psicoses.  

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, a avaliação médica permite distinguir estas duas condições — uma distinção essencial para evitar erros diagnósticos e definir o tratamento mais adequado em cada caso.

 

9. O que são alucinações e como se manifestam?

As alucinações são perceções sensoriais falsas, ou seja, experiências que ocorrem sem um estímulo externo real. 

A pessoa ouve, vê, sente cheiros ou tem sensações físicas que não estão presentes. 

A alucinação auditiva é a mais comum nas psicoses — normalmente sob a forma de vozes que comentam, insultam ou comandam. 

Também podem ocorrer alucinações visuais (imagens ou vultos), olfativas (cheiros intensos), tácteis (sensações na pele) ou gustativas.

Estas perceções não são imaginadas nem inventadas: são vividas como reais e, por isso, causam grande angústia e desorganização. 

As alucinações podem ocorrer em diversas perturbações psicóticas, bem como em casos de febre alta, consumo de substâncias ou privação extrema do sono. 

A sua presença é um critério diagnóstico relevante. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, a presença de alucinações é sempre valorizada e explorada com respeito e cuidado, garantindo o início de uma intervenção terapêutica eficaz.

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10. É possível ter uma psicose sem perceber?

Sim. Aliás, em muitos casos, especialmente nas fases iniciais da doença ou em pessoas com falta de crítica, a psicose pode não ser reconhecida pela própria pessoa. 

Por exemplo, alguém pode viver um delírio (crença falsa) com convicção absoluta, sem se aperceber de que essa ideia é irracional ou incoerente com a realidade. 

A pessoa pode acreditar que está a ser perseguida ou que recebe mensagens através da televisão, sem estranhar essa experiência. 

Este desconhecimento do estado mental é uma característica frequente nas doenças psicóticas, sobretudo na esquizofrenia. 

Por isso, é essencial que haja uma intervenção precoce por parte da família ou amigos. 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras tem uma longa experiência no acolhimento e acompanhamento de pessoas que não têm consciência da sua situação clínica. 

As unidades de saúde hospitaleiras oferecem um ambiente terapêutico seguro, onde o vínculo clínico permite construir progressivamente uma aliança de tratamento e promover o caminho da recuperação.

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Tipos de Perturbações Psicóticas

11. Quais são os principais tipos de psicoses?

As perturbações psicóticas podem ser classificadas em cinco categorias principais:

  • Esquizofrenia, 
  • Perturbação esquizoafetiva, 
  • Perturbação delirante persistente, 
  • Psicose breve
  • Psicose induzida por substâncias. 

A esquizofrenia é a forma grave e duradoura, caracterizada por alucinações, delírios, desorganização do pensamento e sintomas negativos. 

Já a perturbação esquizoafetiva combina sintomas psicóticos com alterações do humor (depressão ou mania). 

A perturbação delirante apresenta delírios persistentes com relativa preservação da funcionalidade. 

A psicose breve é de curta duração, geralmente associada a stress intenso. 

E por fim, a psicose induzida por substâncias surge após o consumo de drogas ou medicamentos. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, o diagnóstico é realizado por equipas clínicas experientes, com base em critérios internacionais, garantindo precisão na identificação do subtipo psicótico e definição do plano terapêutico mais adequado.

12. O que é a esquizofrenia e como se distingue de outras psicoses?

A esquizofrenia é uma doença mental crónica que afeta o pensamento, as emoções, a perceção e o comportamento. 

É distinguida por episódios psicóticos recorrentes, acompanhados de sintomas negativos como apatia, isolamento social e perda de iniciativa. 

Ao contrário de outras psicoses, a esquizofrenia tende a ser progressiva, com impacto funcional significativo ao longo do tempo. 

É distinta, por exemplo, da psicose breve, que é autolimitada, ou da perturbação esquizoafetiva, onde há alternância entre sintomas psicóticos e episódios de humor.

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13. O que é uma perturbação esquizoafetiva?

A perturbação esquizoafetiva é uma doença mental caracterizada pela presença de sintomas psicóticos típicos da esquizofrenia (como delírios e alucinações) associados a episódios de perturbação do humor (depressão ou mania). 

É considerada uma condição híbrida, com características comuns à esquizofrenia e à perturbação bipolar. 

A duração e predominância dos sintomas psicóticos e afetivos variam, o que pode dificultar o diagnóstico. A avaliação especializada é fundamental para distinguir esta perturbação de outras doenças do foro psicótico. 

 

14. O que é uma perturbação delirante persistente?

A perturbação delirante caracteriza-se pela presença de um ou mais delírios persistentes, com a duração mínima de um mês, sem os sintomas típicos da esquizofrenia, como alucinações proeminentes ou desorganização do discurso. 

Os delírios podem envolver temas de perseguição, ciúmes, grandeza ou somáticos, e são vividos com convicção pela pessoa, mesmo que não sejam partilhados por outros. 

A funcionalidade geral da pessoa pode manter-se preservada fora do conteúdo delirante, o que distingue esta perturbação de outras psicoses mais incapacitantes. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, este diagnóstico é feito com prudência, excluindo outras causas médicas ou neurológicas, e o plano terapêutico inclui psicoterapia de apoio, medicação antipsicótica e envolvimento familiar na gestão da doença.

 

15. O que caracteriza uma psicose breve?

A psicose breve é uma perturbação psicótica de início súbito e duração inferior a um mês, com posterior recuperação total. 

É frequentemente desencadeada por um evento de stress intenso (perda, trauma, parto, etc.) e manifesta-se com delírios, alucinações e comportamento desorganizado. 

A pessoa pode apresentar uma grande agitação ou confusão, o que requer uma intervenção urgente. 

O prognóstico é por norma bom, especialmente se não houver história psiquiátrica prévia. 

No entanto, a ocorrência de um episódio psicótico breve aumenta o risco de novos episódios futuros, sobretudo se não for acompanhado por um seguimento clínico adequado. 

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16. Como saber se uma psicose foi provocada por substâncias?

A psicose induzida por substâncias ocorre após o consumo ou a abstinência de drogas psicoativas, como cannabis, LSD, cocaína, anfetaminas, álcool ou medicamentos. 

O diagnóstico baseia-se na temporalidade dos sintomas: os sinais psicóticos surgem logo após o consumo e tendem a desaparecer com a eliminação da substância. 

No entanto, em alguns casos, os sintomas persistem mesmo após o efeito químico cessar, o que revela uma possível vulnerabilidade pré-existente. 

A avaliação clínica inclui entrevista detalhada, exames toxicológicos e, se necessário, exames neurológicos.

Causas, Fatores de Risco e Populações Atingidas

17. O que pode causar uma psicose?

A psicose pode ser provocada por diversas causas, como:

  • Doenças mentais (como a esquizofrenia), 
  • Perturbações do humor com sintomas psicóticos, 
  • Consumo de substâncias psicoativas, 
  • Doenças neurológicas (epilepsia, tumores cerebrais), 
  • Infeções (encefalite, VIH), 
  • Alterações metabólicas, 
  • Privação extrema de sono,
  • Stress intenso. 

A causa varia de pessoa para pessoa e nem sempre é identificável numa fase inicial. 

É por isso essencial que haja uma avaliação médica especializada para diferenciar entre psicose primária (de origem psiquiátrica) e secundária (de causa médica ou tóxica). 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras realiza uma abordagem diagnóstica multidisciplinar que contempla todos estes factores e assegura a formulação de um plano terapêutico personalizado.

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18. A psicose é hereditária?

Sim. Existe uma componente hereditária documentada. 

As pessoas com familiares de primeiro grau com esquizofrenia ou outras perturbações psicóticas têm um maior risco de desenvolver uma psicose, embora isso não signifique que a doença seja necessariamente transmitida. 

O risco é influenciado por uma combinação de fatores genéticos, neurobiológicos e ambientais. 

A presença de antecedentes familiares deve ser encarada como uma vulnerabilidade, que pode ser mitigada com vigilância clínica, proteção ambiental e intervenções preventivas. 

19. Quais são os fatores de risco mais comuns?

Os fatores de risco para desenvolver uma psicose são:

  • História familiar de doença mental, 
  • Consumo de substâncias psicoativas, 
  • Stress traumático precoce,
  • Isolamento social, 
  • História de abuso físico ou emocional, 
  • Privação de sono crónica.

A adolescência e o início da idade adulta são períodos particularmente vulneráveis. 

O risco aumenta quando vários destes fatores estão presentes em simultâneo. 

Se estes elementos forem identificados atempadamente poderá prevenir-se episódios agudos e iniciar um acompanhamento antes da instalação da doença. 

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20. A psicose pode acontecer apenas uma vez na vida?

Sim. É possível que a pessoa tenha um único episódio psicótico ao longo da vida, nomeadamente nos casos de psicose breve reativa ou psicose induzida por substâncias. 

Nestes quadros, se a causa for resolvida e houver um apoio clínico adequado, pode não haver recidiva. 

No entanto, em muitos casos, sobretudo  em doenças como a esquizofrenia, a psicose tende a reaparecer de forma cíclica ou contínua, e já exige um tratamento contínuo, que permite identificar sinais precoces de descompensação e reduzir o risco de novos episódios. 

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21. A psicose afeta mais homens ou mulheres?

A psicose, particularmente a esquizofrenia, tende a manifestar-se mais precocemente nos homens, com maior gravidade e sintomas negativos mais marcados. 

As mulheres, por outro lado, têm início mais tardio e, muitas vezes, maior resposta ao tratamento. 

Contudo, ambos os sexos podem ser afetados, com apresentações clínicas diversas. 

O padrão hormonal, o ambiente social e a exposição a fatores de risco diferem entre géneros, o que influencia a expressão da doença. 

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras reconhece estas diferenças e adapta os cuidados às necessidades específicas de cada pessoa, com planos terapêuticos individualizados e respeitadores das dimensões biológicas, psicológicas e sociais, nas suas 7 unidades de saúde hospitaleiras.

 

22. Pode uma criança ou adolescente ter psicose?

Sim. Muito embora seja menos comum, a psicose pode ocorrer em crianças e adolescentes. 

A esquizofrenia de início precoce é rara, mas representa uma forma mais grave da doença. 

Já nos adolescentes, a psicose pode surgir no contexto de perturbações do neurodesenvolvimento, trauma, abuso de substâncias ou perturbações do humor. 

É preciso ter em atenção que os sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos da adolescência, o que poderá dificultar o diagnóstico. 

Esteja atento aos sinais de alerta:

  • Isolamento, 
  • Discurso incoerente, 
  • Ideias estranhas, 
  • Alterações no rendimento escolar e 
  • Comportamento bizarro. 

Tratamento, Acompanhamento e Recuperação

23. Qual é o tratamento da psicose?

O tratamento da psicose pode combinar:

  • Farmacoterapia, 
  • Psicoterapia
  • Reabilitação psicossocial.
  • Electroconvulsivoterapia
  • Etc

Os medicamentos antipsicóticos são essenciais para controlar os delírios, as alucinações e a agitação, são escolhidos com base na tolerância individual, na gravidade do quadro e no historial clínico. 

Já a psicoterapia ajuda a reconhecer os sintomas, melhorar o funcionamento e promover o autocuidado. 

A psicoeducação familiar é igualmente fundamental para envolver a rede de apoio e reduzir recaídas. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, os planos terapêuticos são sempre individualizados, desenhados por equipas multidisciplinares, e baseiam-se nos mais recentes protocolos internacionais. 

O objetivo não é apenas controlar os sintomas, mas sim recuperar a funcionalidade e promover uma vida plena e digna, dentro das possibilidades e ritmos de cada pessoa.

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24. A psicose tem cura?

Em alguns casos, quando a causa é tratada, a psicose pode ter uma resolução completa, como por exemplo na psicose breve reativa ou nas psicoses induzidas por substâncias.

No entanto, nas doenças crónicas como a esquizofrenia ou a perturbação esquizoafetiva, falamos mais de controlo clínico e estabilização, e não de cura. Isso não significa que a pessoa não possa recuperar. 

Com um tratamento contínuo, acompanhamento próximo e estratégias de reabilitação adequadas, a pessoa pode alcançar estabilidade emocional, reinserção social e qualidade de vida. 

Muitos doentes mantêm relações, trabalham, estudam e vivem com autonomia.

 

25. A pessoa com psicose pode recusar tratamento?

Sim, claro. Aliás, uma das particularidades da psicose é que, em muitos casos, a pessoa perde a capacidade crítica sobre o seu estado — o que se designa clinicamente como anosognosia. 

A pessoa acredita que está bem, que os seus delírios são verdadeiros ou que os outros é que estão errados e essa ausência de perceção da doença pode levar à recusa do tratamento. 

Nestas situações, é necessário intervir com empatia, escuta ativa e contenção terapêutica, para promover o vínculo e, se necessário, recorrer a medidas legais de internamento involuntário, se houver risco para a própria pessoa ou para terceiros. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, este tipo de situações é gerido com grande sensibilidade ética e humanismo, garantindo o respeito pela dignidade da pessoa, mesmo quando não está em condições de decidir por si própria.

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26. É sempre necessário internamento?

Não. O internamento só é necessário em situações de grave descompensação, risco para a segurança da pessoa ou de terceiros, ausência de crítica, ou quando não é possível controlar os sintomas em regime ambulatório. 

Em muitos casos, a psicose pode ser tratada em contexto de consulta externa, com supervisão da família e acompanhamento médico regular. 

O internamento é um recurso terapêutico e não um castigo: permite estabilizar rapidamente, proteger a pessoa e iniciar ou reajustar o plano terapêutico. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, o internamento é realizado em ambiente clínico acolhedor e seguro, com equipas formadas para intervir em situações agudas, sempre com vista à estabilização e à reintegração progressiva na comunidade.

 

27. Como é feito o acompanhamento após o primeiro episódio psicótico?

O acompanhamento após o primeiro episódio psicótico é crucial para reduzir o risco de recaídas, promover a adesão ao tratamento e recuperar a funcionalidade. Envolve consultas regulares com um psiquiatra e psicoterapeuta, avaliações periódicas, gestão de medicação, e, quando necessário, apoio psicossocial e familiar. 

É importante ensinar a pessoa a reconhecer os sinais precoces de descompensação (como alterações do sono, irritabilidade ou retraimento), para agir preventivamente. 

O apoio deve ser contínuo, mesmo quando a pessoa se sente bem. 

Nas unidades de saúde do Instituto das Irmãs Hospitaleiras irá encontrar programas de primeiro episódio psicótico, com enfoque na intervenção precoce, na autonomia progressiva e na articulação com a rede social e comunitária da pessoa. 

O sucesso do acompanhamento reside na persistência, na proximidade e no respeito pelo tempo de recuperação de cada pessoa.

 

28. A pessoa com psicose pode trabalhar e viver com autonomia?

Sim. Com o tratamento adequado, o apoio clínico especializado e uma boa estrutura familiar ou comunitária, muitas pessoas com diagnóstico de psicose conseguem viver com autonomia, trabalhar, estudar e manter relações saudáveis. 

A psicose não define a totalidade da pessoa. 

Apesar de alguns casos exigirem maior apoio funcional, sobretudo nos momentos iniciais ou em formas mais graves da doença, pode-se alcançar um bom nível de reintegração social. 

A chave está em promover a estabilidade clínica, garantir o seguimento regular e trabalhar gradualmente a recuperação das capacidades. 

Estigma, Família e Apoio Social

29. Como posso ajudar um familiar com sintomas psicóticos?

A melhor forma de ajudar um familiar é com informação, escuta empática, ausência de julgamento e incentivo à procura de ajuda clínica

É importante que reconheça os sinais de alerta — como ideias estranhas, isolamento, discurso incoerente ou perceção de vozes — assim poderá intervir com firmeza mas sem confrontação direta. 

Evite dizer que “isso não é real” ou discutir o conteúdo dos delírios. 

Em vez disso, ofereça segurança e proponha ajuda profissional. 

Como membro da família, poderá acompanhar a pessoa a uma consulta ou, em situações graves, contactar os serviços de urgência. 

No Instituto das Irmãs Hospitaleiras, os familiares são sempre incluídos no plano terapêutico, com apoio psicossocial, sessões de esclarecimento e orientação para lidar com as crises, promovendo uma aliança terapêutica saudável e eficaz.

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30. Porque existe tanto estigma em torno da psicose?

O estigma existe porque a psicose está associada a ideias erradas de imprevisibilidade, violência ou insanidade, muitas vezes alimentadas por representações mediáticas distorcidas. 

A invisibilidade desta doença, a dificuldade em verbalizar o sofrimento e a perda de contacto com a realidade também contribuem para o afastamento social. 

Este estigma causa nos doentes vergonha, isolamento e atraso na procura de ajuda, o que agrava o prognóstico e aumenta o sofrimento da pessoa e da família. 

É muito importante combater o estigma com mais educação em saúde mental.

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras tem como missão humanizar os cuidados em psiquiatria, dignificar cada pessoa e contribuir para uma sociedade mais inclusiva, solidária e informada.

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