«É preciso preparar-se para a morte. (…) O importante não é imaginá-lo, mas vivê-lo na consciência de que toda a vida tende para este encontro.»
In “Corriere della Sera” em 08.09.2016
Hoje, último dia do ano 2022, assinalamos o acontecer deste encontro de que nos falava, em 2016, o Papa Bento XVI.
Em profunda união e comunhão com a Igreja e acolhendo esta perda, agradecemos a Deus a pessoa que foi: a firmeza e a proximidade com que viveu as exigências do pontificado de transição que assumiu.
Do longo e imenso legado de reflexão teológica e espiritual que nos deixou relevamos as encíclicas nas quais nos apresenta Deus com um nome: Amor (Deus Caritas Est – 2006), a Esperança, como caminho de salvação (Spe salvi – 2007) e a melhor forma de expressar o Amor: a Verdade (Caritas in Veritate, encíclica social – 2009).
Não se entendendo a si mesmo como “homem de reformas” foi-o a vários níveis, sempre no intuito de conduzir a Igreja a testemunhar a verdade e a proximidade que lhe é própria bem como a posição inegável de defesa dos mais frágeis.
Expressão de tal fidelidade à missão foram, entre outros em 2010, a promulgação do Motu Proprio, para a transparência financeira, internacionalmente controlada e reconhecida, instituindo Autoridade de Informação Financeira (AIF), dotada de poderes de inspeção sobre movimentos de capitais executados por qualquer escritório interno ou vinculado com a Santa Sé.
Como afirmava de si mesmo, não se via como um homem de reformas, mas assumiu a reforma que ainda nenhum de nós tinha presenciado: a renúncia de um Papa.
O Papa emérito Bento XVI retirou-se voluntariamente quando percebeu que já não estaria em condição plena para corresponder àquilo que o serviço que a Igreja pedia, naquele momento.
Manteve-se, no entanto, e desde então ao serviço da Igreja. Em comunhão e em oração com a mesma.
E seguramente, nessa disposição permanece, agora que o encontro com Aquele que o chamou para mais perto já aconteceu. Não esquecerá de interceder junto d’Ele pela Igreja que somos, Igreja que ele amou e serviu.
A Igreja despede-se grata por ti, Bento XVI.
Sílvia Moreira
Superiora provincial