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Eu não sou a minha doença…

No limiar dos tempos contemporâneos, cheio de realidades contraditórias, onde se operam mudanças rápidas e profundas num curto espaço de tempo, assistimos a uma revolução cultural e ideológica que está a implantar novos modos de pensar e estar no mundo. Num tempo e num espaço onde impera o capitalismo industrial, o crescimento económico e um certo otimismo exacerbado com base na certeza padronizada de que o progresso da ciência e dos meios tecnológicos solucionariam todos os problemas humanos, haverá tempo para pensar na pessoa, enquanto portadora de uma patologia mental, como um constructo integrante e integrador na sociedade que a circunda? Integrante ou excluída pelo estigma?

 

Os dados da Ordem dos Psicólogos, indicam-nos que em Portugal, uma em cada cinco pessoas poderá sofrer de problemas de saúde psicológica e que o estigma associado constitui uma das maiores barreiras à qualidade de vida, ao acesso aos cuidados de saúde mental e à inclusão das mesmas na sociedade.

 

O preconceito e o estigma continuam presentes na Saúde Psicológica, com base na ignorância, no medo, nas crenças irreais que uma pessoa com uma doença mental não é capaz de participar de forma produtiva e ativa na comunidade. Traduzindo-se em atitudes discriminatórias.

 

O tema da Saúde Mental atualmente parece mais “visível” socialmente, no entanto, ainda existe uma grande lacuna no conhecimento sobre as caraterísticas e as causas associadas aos problemas psicológicos; estes problemas muitas vezes não são observáveis, são manifestados por comportamentos, sentimentos.

 

Importa, pois, olhar para o ser humano numa dimensão fenomenológica para que possa ser compreendido de forma holística e não apenas a partir da sua patologia. Antes de ser doente, é um ser humano, um ser de possibilidades como qualquer outro, em que a sua existência só faz sentido dentro de uma experiência real. Constrói-se a partir da sua experiência vivida e é criado pelas múltiplas subjetividades que nele existem, ou seja, numa dimensão histórico-dialético, em que a pessoa em si só pode ser concebida a partir de sua história individual, contexto social e cultural.

 

Nesta perspetiva, visa-se ampliar a capacidade da pessoa perceber todas as possibilidades existentes no seu percurso de vida, escolhendo para realizar aquelas que considera mais significativas, encetando uma abordagem positiva da vida. Importa demonstrar que não existem aspetos trágicos ou negativos que não possam ser transformados em dimensões de crescimento e de maturação humana pela atitude que se toma perante eles, conscientes que o ser humano vive em constante tensão entre a ordem e desordem como aspetos intrínsecos a toda a dimensão evolutiva.

 

Olhar para cada ser humano de forma holística, importa reconhecer que, apesar do sofrimento, da culpa e da transitoriedade da vida, torna-se possível renascer, recomeçar sempre, enveredando pela autotranscendência, compreendida como orientação da existência humana para além de si, orientada para algo ou para alguém.

 

No Serviço de Psicologia das Irmãs Hospitaleiras Braga, Casa de Saúde do Bom Jesus, procura-se estabelecer uma relação terapêutica sadia e empática, no sentido de proporcionar a cada pessoa uma consciencialização, integração e respetiva resignificação dos acontecimentos da sua história de vida, sabendo que o processo terapêutico visa não somente mudanças, mas o crescimento da pessoa a partir do encontro com ela mesma, sendo ela a responsável pela representação do seu contexto social e capaz de promover a mudança.

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