Pastoral da Saúde no Gana – O Impacto Social em pacientes hospitalizados – Padre Nicholas Kofi Addison, Capelão do Hospital St Francis Xavier, Irmãs Hospitaleiras de Foso (Gana).
A evolução da assistência à saúde ao longo do tempo, revela uma tendência atual dos hospitais em atender a novas expectativas padronizadas em relação ao serviço prestado. Além disso, essa evolução abrange todos os aspetos da atenção à saúde, incluindo a capelania e a pastoral da saúde, que se deve adaptar à sociedade pós-moderna (Margaret J. Orton, 2008).
Portanto, nesse processo de mudança no setor saúde, a capelania desempenha um papel essencial de apoio espiritual, entendida como uma faceta do cuidado holístico. Como tal, encontra-se numa fase de renovação em que, por exemplo, também são tidos em conta doentes de outras confissões religiosas (ibidem).
Essa modernização afeta o conceito de pastoral da saúde em todo o mundo, pois é um elemento que costuma estar presente em muitos hospitais do mundo. Portanto, parece importante esclarecer o papel que este aspeto pastoral da atenção à saúde tem na sociedade e o seu impacto nas pessoas que estão hospitalizadas.
Para que este artigo seja preciso e realista, o seu conteúdo baseia-se na presença das Irmãs Hospitaleiras no Gana. Especificamente, a Congregação tem hospitais e centros-dia em Dompoase e Foso, que oferecem medicina geral e apoio à saúde mental e serviços de parto.
No entanto, a abordagem genérica do artigo torna-o extensível ao contexto geral do ministério da saúde no Estado do Gana.
O papel do capelão na Pastoral da Saúde:
No geral, a maioria dos hospitais religiosos no Gana tem um capelão em tempo integral ou parcial na sua equipa, dependendo do tamanho do hospital e da procura por esse serviço. Portanto, para desempenhar essa função, os capelães devem ter formação em teologia, saúde ou ciências sociais, ou disciplinas afins. Além disso, eles deverão estar registados no Conselho de Psicologia do Gana.
A pastoral da saúde no hospital está resumida na citação de Mateus 25,31-46, que identifica a tendência humana universal de ser gentil com os vulneráveis e explica que os pobres e necessitados merecem o melhor que temos.
Quanto ao envolvimento prático de um capelão no ministério da saúde, pode-se concluir que a sua missão é oferecer cuidado espiritual, orientação e conselho aos pacientes e seus familiares, bem como aos funcionários do hospital. Especificamente, algumas das tarefas mais comuns de um capelão no hospital são: a) celebrar missas diárias para as Irmãs, funcionários ou pacientes e suas famílias; b) dirigir a equipe da pastoral da saúde; c) dirigir a equipe recreativa das instituições de ensino; d) visitar pacientes regularmente para oferecer suporte; e) oferecer aconselhamento pré-matrimonial aos funcionários; f) atuar como intermediário com pastores e grupos eclesiásticos para visitar pacientes de outras confissões; g) organizar formação para os funcionários sobre a pastoral da saúde e outros tópicos relacionados.
Além disso, esta função é uma resposta à procura de atenção holística nos hospitais religiosos, que inclui o compromisso com o paciente e o apoio pastoral. Isso também se deve à passagem de Lucas 19:10, na qual Jesus diz: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. Esta passagem identifica Jesus tentando intervir ativamente na vida daqueles que se encontram em situação precária.
A procura social pela Pastoral da Saúde:
Os diversos aspetos incluídos na pastoral da saúde e, especificamente, na função de capelão hospitalar, surgem das necessidades da sociedade atual. Como já mencionado, essa faceta da atenção à saúde é um processo contínuo de renovação e adaptação ao contexto de uma sociedade moderna.
Nesse sentido, existem três áreas principais para as quais os pacientes e as suas famílias recorrem frequentemente ao capelão do hospital.
A primeira contempla as necessidades básicas do paciente e as respostas às solicitações de materiais de apoio, como alimentos, roupas, artigos de higiene ou dinheiro para pagar contas. De um ponto de vista mais emocional, a segunda grande área em que os pacientes pedem ajuda é o controle emocional. Nesse caso, um capelão oferece apoio e orientação para lidar com as diferentes emoções que o paciente possa sentir, como desespero, cansaço, tristeza, raiva, melancolia ou culpa. Por fim, a terceira área refere-se ao bem-estar físico e emocional da pessoa. Nesse contexto, por exemplo, um paciente pode recorrer ao capelão quando a morte é iminente, não tem apoio familiar, ou quando se prepara para uma cirurgia ou deseja ter alta contra indicação médica.
A importância da Pastoral da Saúde na atenção à saúde:
De um modo geral, a pastoral da saúde constitui um elemento fundamental no empenho de um hospital na atenção holística aos pacientes e à sociedade envolvente, visto que se dirige às necessidades particulares da pessoa, independentemente da sua religião ou origem.
Portanto, podemos concluir que a pastoral da saúde responde a uma necessidade atual e constante dos hospitais de atender não só o bem-estar físico do paciente, mas também as necessidades espirituais para uma conversão sustentável da alma.
Autor
Padre Nicholas Kofi Addison, capelão do Hospital St Francis Xavier, Irmãs Hospitaleiras de Foso (Gana).
Bibliografia
Margaret J. Orton (2008) Transforming Capplaincy: The Emergence of a Healthcare Pastoral Care for a Post-Modern World, Journal of Health Care Chaplaincy, 15: 2, 114-131
Quinta, 1 de Julho de 2021