Sabia que… em Cochabamba as Irmãs Hospitaleiras atendem crianças com deficiência com o modelo de estimulação precoce?

Partilhamos o testemunho de Mirtha Jiménez Ledezma, Coordenadora Técnica do SIMAJ, Cochabamba.

O que encontrou nas Irmãs Hospitaleiras Servicios Integrados María Josefa Recio (SIMAJ)

Como colaboradora das Irmãs Hospitaleiras, vivo uma profunda ligação e comunhão com o carisma hospitaleiro, uma vez que a minha profissão de psicóloga clínica conecta-me com a missão de sanar e cuidar o ser humano, hoje em dia especificamente com as crianças com deficiência, cujas capacidades são restauradas através das intervenções que realizamos em conjunto com a equipa de profissionais, e as acompanhamos na aquisição de novas competências para a vida quotidiana. Neste sentido, a Congregação é a minha “família espiritual hospitaleira”, onde partilho uma missão comum, um serviço e um compromisso com os doentes.

Quais são as suas funções na coordenação do SIMAJ?

A função de Coordenação no Centro para Crianças com Deficiência é essencial para garantir a qualidade dos serviços e os cuidados integrais para as nossas crianças. Apresento sete papéis-chave que desempenho na missão hospitaleira, neste contexto:

1. Planeamento e organização: No âmbito das funções de coordenação, cabe desenvolver planos estratégicos para o centro, tendo em conta as necessidades específicas das crianças com deficiência. Além disso, coordenar e organizar eventos, programas e actividades que promovam o bem-estar e o desenvolvimento das crianças.
2. Gestão dos recursos: É importante garantir a existência de funcionários com formação adequada para responder às necessidades das crianças com deficiência, bem como supervisionar e gerir eficazmente os recursos humanos e materiais do Centro.
3. Colaboração interdisciplinar: Facilitar a comunicação e a colaboração entre profissionais de diferentes disciplinas: fisioterapia, educadores e psicologia, para garantir uma abordagem integral no tratamento das crianças.
4. Avaliação e controlo: São implementados sistemas de avaliação para medir os progressos de cada criança e ajustar os planos de intervenção conforme necessário, bem como um acompanhamento regular para avaliar a eficácia dos programas de intervenção e dos serviços oferecidos.
5. Ligação com as famílias: Outra função importante é estabelecer uma comunicação efectiva e afectiva com os pais e/ou tutores das crianças, a fim de compreender as suas necessidades e expectativas. Além disso, prestar apoio às famílias, fornecendo informações, orientações e recursos pedagógicos para melhorar a qualidade de vida das crianças no ambiente familiar.
6. Conformidade regulamentar: Assegurar que o Centro cumpra as regras e os regulamentos relacionados com o acolhimento de crianças com deficiência e manter registos actualizados dos formulários de admissão e preparar relatórios para demonstrar a conformidade com as normas estabelecidas.
7. Formação e desenvolvimento profissional: É importante facilitar a realização de workshops de formação e desenvolvimento profissional para o pessoal do Centro, assegurando a sua atualização em relação às melhores práticas e abordagens pedagógicas, ao mesmo tempo que se promove um ambiente de aprendizagem contínua e de melhoria constante no seio da equipa, sendo relevantes a comunicação e as relações interpessoais próximas, hospitaleiras e humanizadoras.

Neste sentido, estas funções de coordenação são fundamentais para garantir que o Centro presta um serviço de qualidade baseado no carisma do hospital e promove o desenvolvimento integral das crianças com deficiência, tendo em conta as suas necessidades individuais.

Como é que o SIMAJ trabalha com crianças com deficiência?

A nossa Instituição Hospitaleira actua através da Estimulação Precoce, adaptando a metodologia pedagógica de Maria Tecla Artemisia Montessori, que é um conjunto de práticas concebidas para favorecer o desenvolvimento integral da criança nos seus primeiros anos de vida. Quando se trata de crianças com deficiência, esta intervenção assume uma importância ainda maior, uma vez que procura maximizar o potencial e fornecer as ferramentas necessárias para enfrentar os desafios que podem surgir ao longo da vida da criança. Neste artigo, irei abordar a importância da estimulação precoce para crianças com deficiência, os benefícios que pode trazer e algumas estratégias práticas a implementar no dia a dia.

Qual é a importância da estimulação precoce para as crianças com deficiência?

A deficiência na infância pode abranger uma variedade de domínios, como a motricidade, a comunicação, a linguagem, a cognição, etc. Neste sentido, a estimulação precoce torna-se um pilar essencial para estas crianças, uma vez que contribui para o desenvolvimento de competências específicas adaptadas às suas necessidades individuais. Para além disso, incentiva a participação da família no processo de intervenção, reforçando os laços afectivos e criando um ambiente favorável ao desenvolvimento da criança.

Quais são os benefícios da estimulação precoce para as crianças?

Os benefícios podem ser descritos em quatro domínios:

• Desenvolvimento cognitivo: A estimulação precoce contribui para o desenvolvimento de competências cognitivas, promovendo o raciocínio, a atenção e a resolução de problemas. Nas crianças com deficiência, isto pode fazer a diferença, facilitando a aprendizagem de estratégias de adaptação.
• Desenvolvimento motor: adaptada às necessidades específicas de cada criança, a estimulação precoce pode melhorar as capacidades motoras finas e grossas, permitindo uma maior independência nas actividades diárias.
• Desenvolvimento sócio-afetivo: Promove as interacções sociais e emocionais, melhorando a autoestima e a auto-imagem da criança. O estabelecimento de relações afectivas sólidas é também crucial para o desenvolvimento emocional.
• Comunicação e Linguagem: A estimulação precoce facilita o desenvolvimento da linguagem e da comunicação, adaptada às características individuais de cada criança. Pode incluir a utilização de sistemas de comunicação alternativos para as crianças com dificuldades de fala.

Quais são as estratégias práticas para implementar a estimulação precoce?

Para levar a cabo um processo adequado de estimulação precoce das crianças com deficiência, centramo-nos nos seguintes aspectos

• Individualização do Plano: Cada criança com deficiência é única e, por isso, é essencial adaptar as estratégias de estimulação precoce às características e necessidades específicas de cada criança.
• Envolvimento da família: A participação da família no processo de estimulação precoce é crucial. Os pais e encarregados de educação são informados e formados para realizarem diariamente actividades de estimulação em casa, de acordo com o plano.
• Utilização de materiais específicos: A utilização de materiais adaptados às capacidades e limitações da criança pode tornar a estimulação precoce mais eficaz. Os brinquedos e instrumentos concebidos para responder a necessidades específicas são úteis.
• Colaboração interdisciplinar: Trabalhar em conjunto com outros profissionais, como psicólogos, educadores de infância e fisioterapeutas, enriquece a abordagem da estimulação precoce, garantindo cuidados abrangentes e coordenados.

Na sua experiência com crianças com deficiência, o que destacaria sobre a estimulação precoce?

A estimulação precoce das crianças com deficiência é uma componente essencial do desenvolvimento holístico. Ao centrarmo-nos nas capacidades da criança e ao adaptarmos as estratégias às suas necessidades individuais, podemos fornecer-lhe as ferramentas necessárias para atingir todo o seu potencial, como a promoção de uma vida participativa no ambiente social. Além disso, o trabalho em equipa e a colaboração entre profissionais e famílias são fundamentais para construir um ambiente que apoie o crescimento e o bem-estar destas crianças excepcionais.

Nesta perspetiva, ter uma Abordagem Hospitaleira Integrada adaptada e colaborativa pode fazer uma diferença significativa no desenvolvimento de competências fundamentais. Da mesma forma, a dedicação, a proximidade, o cuidado e a paciência dos parceiros hospitalares e das famílias desempenham um papel crucial no progresso e no bem-estar holístico das crianças.

“Com uma abordagem hospitaleira integral carismática, humanizada e personalizada, a Estimulação Precoce torna-se um farol de esperança para construir um futuro mais risonho para as nossas crianças”.