A Hipoterapia tem vindo, ao longo dos anos, a ganhar destaques como terapia complementar às intervenções terapêuticas para a reabilitação de várias patologias.
A Hipoterapia tem por base o uso do cavalo e das suas propriedades como ferramenta, principalmente o seu movimento tridimensional, a fim de promover melhorias das funções neuromotoras (Fitzpatrick, 1997). Trata-se de uma abordagem com orientação clínica, ou seja, é orientada e conduzida por profissionais de saúde e terapia, com o auxílio de instrutores equestres treinados para o efeito.
A Hipoterapia diferencia-se da equitação especial e da equitação adaptada, uma vez que nestas últimas existe maior envolvimento do cavaleiro, em que este exerce ação sobre o cavalo. Na equitação adaptada desenvolvem-se competências equestres muito semelhantes à prática de equitação.
Tendo, nas terapias assistidas por animais, o animal como mediador, é importante conhecer-se o animal, as suas características e se estas se adequam às características do cavaleiro. Ou seja, perceber se a biomecânica, anatomia e personalidade do cavalo corresponde à terapêutica delineada para o cavaleiro e as suas especificidades.
Os cavalos são uma espécie que, embora não sejam complacentes, necessitam de estabelecer laços emocionais fortes e são extremamente sensíveis às reações involuntárias humanas de desconforto, medo, insegurança ou ansiedade. E dessa maneira, necessitam de ganhar a confiança das pessoas à sua volta. Esta característica dos cavalos dá-lhes um caracter social e permite ao cavaleiro desenvolver o autocontrolo e capacidade de relaxar.
Especificamente na deficiência intelectual, de acordo com o diagnóstico, etiologia, tipo e quantidade de intervenções terapêuticas precocemente, esta pode variar entre leve, moderado, grave e muito grave ou profundo. Esta variação depende das limitações apresentadas ao nível da motricidade, do intelecto, da aprendizagem, da comunicação, entre outros. De acordo com as necessidades e potencialidades do cavaleiro, pode ser benéfico a sua participação neste ambiente lúdico, descontraído e de contacto com a natureza e o cavalo, sendo uma decisão tomada por toda a equipa técnica que acompanha o utente.
O uso do cavalo e do seu movimento a Passo, que se assemelha à marcha humana, proporciona desenvolvimento de coordenação motora, flexibilidade, equilíbrio e ajustes tónicos. O contacto físico com o animal proporciona efeitos positivos ao nível do sistema sensorial, na medida em que o calor que o cavalo transmite ao cavaleiro potencia o relaxamento muscular e aumentar circulação sanguínea do cavaleiro. Os benefícios a nível psicológico, emocional e cognitivo também são notórios, nomeadamente diminuição de ansiedade e stress, fortalecer sentido de competência e segurança, autoestima, promover as relações sociais, estimulação de memória, raciocínio, concentração e atenção.
2 de outubro de 2024
Margarida Guerreiro
Psicomotricista
Irmãs Hospitaleiras Assumar
Bibliografia:
de Campos, M. M. P. V. (2014). Terapia asistida con animales (Taca). Asociación de Docentes Pensionistas de la Universidad Nacional Mayor San Marcos ASDOPENUNMSM, 18.