A Inteligência Emocional, conceito desenvolvido por Daniel Goleman (1995), define-se como a capacidade de reconhecer, entender e gerir as próprias emoções, assim como de reconhecer e influenciar as emoções de outras pessoas. Apesar deste conceito ter surgido há alguns anos, só mais recentemente tem assumido maior relevância no nosso quotidiano. O autor define que a Inteligência Emocional envolve um conjunto de cinco competências emocionais: autoconsciência (capacidade de se conhecer a si mesmo), gestão de emoções (autorregulação), automotivação, empatia (gestão das emoções dos outros) e gestão de relacionamentos em grupos (habilidades sociais).
As emoções estão intrinsecamente conectadas com relacionamentos humanos. E o que melhor define a profissão de Enfermagem senão a arte de cuidar do ser humano?
O Enfermeiro possui competências emocionais que lhe permitem dar uma resposta adequada às necessidades daqueles de quem cuida, impactando positivamente o cuidado individualizado e personalizado ao utente e seu ecossistema. Apresenta competências emocionais como, por exemplo, a capacidade de autocontrolo emocional para lidar com os diversos desafios diários que enfrenta nas instituições de saúde: as horas de trabalho, as situações de stress, a dinâmica multidisciplinar, a interação com pessoas assistidas em situações vulneráveis (dor, sofrimento, até mesmo a morte) bem como as necessidades das famílias. Em suma, o autocontrolo emocional permite ao Enfermeiro ser mais produtivo e mais eficiente, quer no plano profissional, quer no pessoal, melhorando a sua motivação intrínseca ao seu desempenho.
No seu contexto profissional o Enfermeiro vivencia alterações da própria harmonia interior, inerentes ao processo de cuidar, das quais se podem destacar a ansiedade, tristeza e frustração, pelo que a capacidade de gestão das próprias emoções se revela crucial, sendo o autoconhecimento uma competência essencial nesta atividade profissional. Esta competência emerge o Enfermeiro num trabalho interior aprofundado, com vista ao conhecimento diário do seu campo emocional.
A empatia constitui o núcleo do cuidado de Enfermagem ao outro, pois só um profissional empático é capaz de estar desperto às necessidades da pessoa como um todo individual inserido numa comunidade, promovendo a prestação de cuidados de qualidade.
No relacionamento em grupo o Enfermeiro com boa gestão nos relacionamentos interpessoais demonstra competências de liderança, negociação, persuasão e resolução de conflitos de forma eficaz e estabelece padrões de comunicação de qualidade no seu local de trabalho, quer com utente e família, quer com os colaboradores da instituição profissional.
Consideramos que as competências emocionais impactam diretamente a qualidade dos cuidados prestados, favorecendo o desenvolvimento tanto intelectual e emocional quanto profissional, motiva atitudes mais positivas, maior capacidade de adaptação e melhores relacionamentos, o que se traduz em ganhos em saúde para o utente e para o Enfermeiro.
“A única forma de fazer um excelente trabalho é amar o que se faz” (Steve Jobs)
Ana Luísa Ferreira
Ana Sofia Dias
(Enfermeiras)