Intervenção em grupo baseada no Mindfulness e nas Reminiscências.
Intervenções não farmacológicas têm demostrado efeitos promissores na redução dos sintomas de demência.
Até ao momento, a Cognitive Stimulation Therapy tem reunido mais evidências da sua eficácia no tratamento da demência, contudo, estudos recentes têm mostrado que abordagens terapêuticas alternativas como a Terapia de Reminiscência (TR) e as Intervenções Baseadas no Mindfulness apontam também para melhorias na qualidade de vida e na capacidade de comunicação, e também diminuição dos sintomas depressivos e outros sintomas neuropsiquiátricos (Justo-Henriques et al., 2021; Lök et al., 2019; Moon & Park, 2020b).
Este projeto visou promover a estabilização do humor e a qualidade de vida e também, atenuar os sintomas neuropsiquiátricos, de pessoas assistidas (PA) com diagnóstico formal de demência, através de um programa que conjugava as reminiscências e o mindfulness.
O programa consistiu em duas fases de intervenção: 1) 12 sessões divididas em dois momentos: atividade de reminiscência; e atividade de mindfulness; 2) 6 sessões com a mesma estrutura. A primeira fase de intervenção decorreu bissemanalmente; a segunda fase decorreu semanalmente. Em ambas as fases, as sessões tinham a duração de aproximadamente 50 minutos, com grupos de 4-5 participantes. Cada sessão teve um tema relacionado com o percurso de vida (e.g., família, infância, vida profissional, passatempos, meios de transporte, personalidades marcantes, entre outros) e seguia a mesma orientação: 5 minutos para a apresentação, 25 minutos para a discussão da temática (reminiscência) e 20 minutos para o encerramento da sessão (mindfulness). Foram incluídas 9 participantes do sexo feminino, institucionalizadas, com idades entre 73-90 anos (M= 83,78; DP= 5,45) e escolaridade entre os 0-16 anos (M=6,11; DP=6,30), com diagnóstico formal de demência.
Todas as participantes foram avaliadas antes da primeira fase de intervenção, no final da primeira fase de intervenção e após a segunda fase de intervenção, com o intuito de mensurar o seu impacto emocional, comportamental, cognitivo, e na qualidade de vida. Os instrumentos utilizados foram os seguintes: Escala Cornell para a Depressão na Demência (CSDD); Escala de Ansiedade na Demência (RAID); Quality of Life – Alzheimer’s Disease (QoL-AD); Inventário Neuropsiquiátrico (NPI – Q); Teste de Memória Autobiográfica; Escala de Avaliação da Doença de Alzheimer – ADAS-Cognitiva; e, Holden Communication Scale (HCS).
Após as duas fases de intervenção, todas as participantes apresentaram ganhos em todos os domínios avaliados, resultados sugestivos do benefício da integração das PA em ambas as fases de intervenção, e consistentes com as evidências científicas, de que as intervenções baseadas em reminiscências e no mindfulness, promovem a estabilização do humor; reduzem os sintomas neuropsiquiátricos; e melhoram comunicação e a qualidade de vida, de forma generalizada.
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