O envelhecimento é um processo complexo que envolve inúmeras alterações fisiológicas, como a diminuição da massa muscular, a redução da flexibilidade articular e a degeneração de tecidos. Além disso, a coordenação e o sistema vestibular sofrem alterações, resultando na perda de força e equilíbrio. Essas mudanças podem afetar significativamente a qualidade de vida dos idosos, aumentando a incidência de quedas e acidentes, que são eventos comuns e preocupantes nesta fase da vida. Conjuntamente, podem ocorrer alterações a nível cognitivo, emocional e social como desafios acrescidos.
As quedas representam um dos principais problemas de saúde pública no envelhecimento, sendo a causa mais comum de lesões, hospitalizações e mortes acidentais. Fisicamente, podem resultar em fraturas, traumatismos cranianos e perda de mobilidade e atraso no retorno da funcionalidade. O medo de cair novamente pode levar ao isolamento social, depressão e redução da qualidade de vida. Socialmente, as quedas aumentam a dependência de cuidados de terceiros, sobrecarregando familiares e serviços de saúde.
Sendo a queda algo que é potencialmente imprevisível, importa realizar uma avaliação por uma equipa multidisciplinar de forma a conhecer e reduzir/ eliminar os fatores de risco. Estes podem ser:
– Intrínsecos (demência, disfunção vestibular, neuropatia periférica, polimedicação (cinco ou mais fármacos) e tipo de medicação (psicotrópicos), diminuição da acuidade visual, doenças crónicas (ex: osteoartrose, história de AVC, anemia, etc);
– Extrínsecos (obstáculos no meio ambiente exterior (ex: passeios ou asfalto com alterações) ou interior (móveis, tapetes não aderentes, animais de estimação, chão escorregadio, iluminação insuficiente), tipo de calçado utilizado, restrições físicas, tipo de atividade desenvolvida (ex: subir a armários, etc);
– Pessoais (idade >80 anos, alterações da marcha e do equilíbrio, depressão; deterioração cognitiva, fraqueza muscular (sarcopenia), género feminino, dependência em atividades da vida diária, falta de exercício).
A implementação de ações preventivas é fundamental para reduzir a incidência de quedas, preservando a autonomia e melhorando a qualidade de vida nesta população.
A intervenção passa por:
– Realizar adaptações no ambiente domiciliar para torná-lo mais seguro, eliminando obstáculos e garantindo boa iluminação; instalação de barras de apoio em casas de banho e a remoção de tapetes soltos podem prevenir acidentes;
– Facilitar o acesso a objetos de uso frequente;
– Usar roupas confortáveis, de acordo com o clima e sempre sapatos antiderrapantes;
– Conhecer programas educacionais sobre prevenção de quedas;
– Aumentar os níveis de atividade física – Programas de Exercício para aumento da força muscular, aumento da capacidade aeróbia e aumento da flexibilidade e do equilíbrio com maior ou menor autonomia;
– Orientação sobre o uso correto de dispositivos de auxílio à marcha e a modificação de comportamentos de risco;
– Revisões periódicas de medicamentos.
O fisioterapeuta realiza uma avaliação completa e intervém na educação, exercício e correção de fatores ambientais bem como melhoria na gestão funcional das doenças crónicas associadas, otimizando a capacidade funcional do individuo mais velho, no seio de uma equipa multidisciplinar.
Sara Costa
Fisioterapeuta