Cada vez mais perto do Capítulo Geral, partilhamos o testemunho de uma das Irmãs escolhidas para participar neste evento sinodal da nossa Congregação: a Irmã Idília Carneiro, Vigária Provincial de Portugal.
A Irmã Idília nasceu em Moçambique em 1966 e entrou na Congregação em 1984. Licenciada em Serviço Social pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas de Lisboa (1988 – 1993), Mestre em Espiritualidade e Ética na Saúde (1997 – 2000) e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos (2004), a sua experiência hospitaleira tem sido no campo da gestão e acompanhamento da missão hospitaleira e na animação da Província e das Comunidades. Neste testemunho partilha a sua história vocacional e os seus votos para o próximo Capítulo Geral.
Poderia partilhar connosco a sua história pessoal e como se tornou uma Irmã Hospitaleira?
Chamo-me Ir Idilia Carneiro, sou a 4ª de 5 filhos, dos quais as 3 filhas somos Irmãs Hospitaleiras. Nasci e cresci numa família de raízes e vivencia católica muito forte que me foi estruturando como pessoa, ao nível da fé e, sobretudo onde se alicerça a minha vocação consagrada. Também foi importante toda a dinâmica de paroquia, integrando a animação de grupo de jovens e grupos de catequese.
Aprendi de meus pais o sentido de uma caridade operante, a oração diária do terço, o fazer numa atenção solícita aos pobres, foram alguns princípios de educação estruturantes na vida familiar.
– Aos 16 anos tive o primeiro contacto com a missão hospitaleira e a vida das irmãs Hospitaleira em Braga, participando num fim de semana de atividades para jovens. Recordo como me foi difícil o primeiro contacto com os doentes, sobretudo os mais profundos, mas aos poucos algo se foi abrindo dentro de mim e fui sentindo que a minha vida tinha um outro horizonte que se ampliava quanto mais se dava.
Aos poucos, pela experiencia de serviço aos doentes, o contacto com as irmãs e o maior conhecimento da sua vida e os tempos de oração, numa atitude de escuta e busca da sua vontade. Em mim foi crescendo uma experiencia de me deixar cativar, num desejo crescente de pertencer totalmente Deus e aos irmãos. E em especial que a minha vida seja expressão de um serviço pleno às pessoas doentes, em quem descubro este Deus que amo tão vivo e presente. Conhecer as irmãs e as dimensões da oração, fraternidade, comunhão e serviço era como uma constelação única que integrava o sentido da minha vida – ser de Deus e dos irmãos, servindo e amando, em hospitalidade.
Aos 18 anos fui admitida ao postulantado e fui percorrendo o caminho de seguimento de Jesus. Como HSC sinto que sou n’Aquele que em mim é amor sanador e misericórdia. É este amor que me consagra na entrega diária da vida e na busca de Deus como o maior tesouro da minha vida.
Como descreveria o carisma da hospitalidade numa frase?
O carisma hospitaleiro é dom do amor sanador de Deus operante no mundo.
É uma experiencia do Espirito que configura toda a minha vida como HSC, no seguimento de Jesus compassivo e misericordioso e me envia a praticar a hospitalidade junto dos irmãos que sofrem. Sou aprendiz deste Coração de Deus.
Poderia partilhar uma experiência ou uma história em que tenha testemunhado como alguém da família hospitaleira, através do seu trabalho e da sua presença, foi um sinal profético de esperança e mostrou a proximidade de Deus aos que sofrem?
Não é fácil identificar uma situação em concreto, são muitas…reforçaria algo que penso ser muito característico em mim que é a atenção e escuta às pessoas doentes, o acreditar que são pessoas com potencialidades, acolhendo situações de sofrimento que experimentavam e nesse tempo de escuta deixar que a esperança e o reconhecer-se pessoa ressurja …
– como é importante a atenção, o olhar, o escutar situações de vida delicadas que tantas vezes bloqueiam e estreitam horizontes e no simples escutar, deixar entrar… as pessoas podem redescobrir um sentido de esperança, sentindo que não estão sós, e encontrar força para momentos por vezes de grande dor.
Como descreveria o impacto que teve nas comunidades que serviu?
Sou irmã hospitaleira do Sagrado Coração de Jesus e por isso com um desejo profundo que alimento diariamente de seguir Jesus compassivo e misericordioso; o desejo de centrar a vida no essencial é basilar em mim e é algo que partilho com as irmãs e motivo a que o vivamos em comunidade; penso que caminhava lado a lado como imã, estando próxima e atenta – solicitude ao bem fraterno e pessoal; o testemunho junto daqueles que cuidamos e dos que partilham a missão.
O que deseja para o XXII Capítulo Geral?
Que seja um tempo do Espirito, um tempo de comunhão geradora de uma nova primavera de esperança para a Hospitalidade, onde como Comunidade hospitaleira façamos caminho de discernimento e de compromisso, na resposta à voz de Deus e ao sofrimento humano de hoje, em fidelidade ao espirito fundacional.
Obrigado Irmã pelo seu testemunho!