Consulta para tratamento das Perturbações Psicóticas

A psicose raramente surge do nada. 

Existem sinais precoces que podem ser reconhecidos, tanto pela própria pessoa como pela família.

Os principais sinais de alerta são:

• O isolamento social
• A desconfiança excessiva ou a sensação de estar a ser observado
• As alterações do discurso (fala confusa, desconexa, incoerente)
• As crenças estranhas ou ideias sem base real (delírios)
• A percepção de vozes, ruídos ou imagens que os outros não vêem (alucinações)
• As emoções inadequadas, o comportamento bizarro ou a agitação sem um motivo claro
• A negligência dos cuidados pessoais ou perda de interesse geral

Estes sinais  implicam uma avaliação médica especializada.

Nesta perturbação o apoio familiar é crucial: escute sem julgamento, evite o confronto direto com os delírios, mantenha um ambiente calmo e procure apoio clínico o quanto antes

A detecção precoce desta perturbação permite evitar hospitalizações, iniciar tratamento adequado e evitar perdas da funcionalidade do doente. 

Intervir a tempo é proteger o futuro.

A consulta de psiquiatria tem como objetivo avaliar o estado mental do doente

Esta consulta contempla:

• Entrevista clínica estruturada
• Avaliação da presença de delírios, alucinações, análise do discurso e do comportamento, etc
• Análise do historial familiar e pessoal de doenças mentais
• Identificação de fatores precipitantes (stress, trauma, consumo de substâncias)
• Análise do impacto funcional, comportamental, etc

Podem ser utilizados instrumentos psicométricos e escalas clínicas para apoiar o diagnóstico.

Outros exames complementares de diagnóstico, tais como:

• Análises laboratoriais (incluindo despiste toxicológico)
• Avaliação da função tiroideia ou metabólica
• TAC ou RMN cerebral (quando se suspeita de causas orgânicas)

O diagnóstico permite diferenciar psicoses primárias, como esquizofrenia de psicoses secundárias, induzidas por substâncias, tumores, infeções ou doenças neurológicas.

O diagnóstico da Perturbação Psicótica é clínico, e é apoiado por investigação multidisciplinar. A escuta atenta, o rigor e o vínculo terapêutico são o início do processo de estabilização.

As perturbações psicóticas são um grupo de doenças com sintomas semelhantes, mas com causas, durações e prognósticos distintos.

As principais doenças psicóticas são:

A Esquizofrenia

É uma doença crónica e progressiva, que implica acompanhamento permanente.

A Perturbação Esquizoafetiva

É uma doença que combina sintomas psicóticos com episódios de perturbação do humor (depressão ou mania). 

A Perturbação Psicótica Breve

É um episódio agudo de psicose que dura menos de um mês.

A Perturbação Delirante

Este tipo de psicose caracteriza-se pela presença de delírios persistentes, mas sem alucinações ou desorganização significativa. 

A Psicose Induzida por Substâncias

Esta doença surge após o consumo de álcool, cannabis, cocaína, alucinogénios, abstinência abrupta, ou outras substâncias.

As perturbações psicóticas representam um desafio clínico complexo, e têm um impacto profundo na autonomia e qualidade de vida do doente.

As doenças como a esquizofrenia, a perturbação esquizoafetiva ou a perturbação delirante requerem não só um diagnóstico precoce, como um tratamento rigoroso e um acompanhamento contínuo. 

O prognóstico melhora substancialmente quando existe uma resposta clínica estruturada e centrada na pessoa, que combina farmacoterapia, psicoterapia e reabilitação psicossocial.

O Instituto das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus disponibiliza, nas suas várias unidades de saúde hospitaleiras, clínicos especializados em perturbações psicóticas

O Instituto também disponibiliza acompanhamento contínuo, internamento quando necessário, apoio às famílias e intervenções psicossociais integradas.

As nossas equipas clínicas são formadas por:

• Médicos psiquiatras 
• Psicólogos
• Enfermeiros de saúde mental
• Terapeutas ocupacionais, e 
• Assistentes sociais 

Os nossos profissionais garantem um acolhimento digno, promovem a escuta ativa e constroem um plano terapêutico individualizado.

O tratamento atempado fará toda a diferença no percurso de recuperação.

O tratamento das psicoses assenta numa abordagem integrada, centrada na pessoa e adaptada ao seu estádio clínico.

Os principais eixos terapêuticos são:

Farmacoterapia

Antipsicóticos (de primeira ou segunda geração) essenciais para controlar os sintomas

Psicoterapia

• Intervenções psicoterapêuticas estruturadas
• Treino de competências sociais e prevenção de recaídas
• Psicoeducação sobre a doença, medicação e autocuidado

Reabilitação Psicossocial

• Programas ocupacionais, ateliers terapêuticos e atividades estruturadas
• Promoção da autonomia, autoestima e reintegração comunitária
• Apoio à retoma da escolaridade, emprego e vida familiar

Acompanhamento Familiar

• Informação e apoio emocional aos cuidadores
• Treino em estratégias de comunicação e gestão de crises
• Inclusão da família no plano terapêutico

O tratamento não se limita à estabilização medicamentosa. Envolve reconstruir a confiança, a rotina e o projeto de vida da pessoa.

O Acompanhamento e o Prognóstico das Perturbações Psicóticas

A psicose não é necessariamente sinónimo de cronicidade ou dependência. Com um diagnóstico precoce, medicação adequada e apoio psicoterapêutico, é possível alcançar-se a recuperação.

O acompanhamento regular de um doente com psicose visa:

• Monitorizar a resposta ao tratamento
• Identificar sinais precoces de recaída
• Reforçar o vínculo com a equipa clínica
• Adaptar o plano terapêutico a novas necessidades

A adesão ao tratamento é muitas vezes um desafio, especialmente quando há falta de consciência da doença. Nestes casos, o papel da família, da empatia clínica e da reabilitação é ainda mais relevante.

O prognóstico de um doente com doença psicótica depende:

• Da idade de início e duração da doença sem tratamento devido
• Da gravidade das crises e da frequência das recaídas
• Do apoio familiar, da motivação pessoal e da rede de cuidados

A continuidade terapêutica facilita a recuperação da autonomia, a estabilidade emocional e a capacidade de participação plena na sociedade.